Você já tentou, com o seu corpo, conter a água?
Já tentou entrar no mar e segurar com suas mãos ou pés aquela água que estava ali? Impossível, não?
Fico fascinada pela imagem do Oceano. Quando paramos numa encosta e olhamos para o mar, só vemos sua imensidão e o horizonte.
Esse gigante de água que não conseguimos marcar nem o começo nem o fim. Que é um mistério ainda em sua profundidade e seus esconderijos de seres vivos tão lindos.
Elemento tão vivo, tão descontrolado, e ao mesmo tempo com tamanha ordem e harmonia. Olhamos para ele fascinados e também o tememos.
Ninguém consegue pará-lo, ninguém pode contê-lo. Tentamos construir barreiras, piscinas feitas com as mãos, para tê-lo seguro por um tempo, mas a força dele não cabe numa parede de concreto.
Tentamos adormecê-lo, anestesiá-lo.
Fazemos isso comendo demais, assistindo TV demais, Netflix sempre ligado, bebida na mão e cigarro no bolso.
Tentando ao máximo não pensar, não entrar nesse mar.
Ficar só na areia. Virar para o outro lado, e não enxergá-lo. Até o próximo tsunami…
Tamanha sua força vital, a onda não pode ser parada. Não pode ser contida, da mesma forma algumas pessoas também não;
e que refrigério saber que existem pessoas que são como o oceano. Que entram nele, se jogam e vão embora com ele. Se tornam ele. Carregam essa força vital em si, e escolhem seguir navegando.
Pena saber que com nossos descuidos da sociedade moderna o Oceano está em perigo e pessoas assim também.
ps: Parte da série de texto TONS. Veja aqui Tons de cinza e Tons de verde.